Bio
Jorge Baptista Carrano, Publicitário por formação, Poeta e Cronista. Adolescente, ainda morando no Rio de Janeiro, participou ativamente da época dos festivais estudantis de música, teatro e das “atividades extracurriculares” de vanguarda na literatura que aconteciam à sua volta. A arte e o sentir o chamavam e sempre estiveram em ebulição e amadureciam a cada momento em sua vida. Nessa época publicou o livro de poemas “Eu Nú, jovens canções de amor e liberdade“ (poemas).
Por fim a Bahia o acolhe no retorno e traça no seu caminho, definitivamente. Atuou como publicitário usando desse viés para alimentar seus textos. A criatividade e o significante sempre foram fortes argumentos para que retomasse a publicação de livros dessa vez com “A Centaura e a Esfinge” (poemas), uma retomada do convívio com a literatura que se consolidou com sua participação em Antologias e Coletâneas; publicou ainda “O anjo de Cem Asas“ (poemas), “Estupefaciente“ (poemas),“Rasgar a Alma… Sangrar o Papel“ (poemas) e “Uma bolsa de gatos e o contador de Estórias“ (crônicas). No “Projeto Fala Escritor“ há seis anos em atividade, onde é um dos coordenadores, agrega autores independentes : poetas, cronistas e cordelistas unindo-os nesse núcleo de divulgação da literatura baiana. A dois anos (2014/15) é oficineiro de criação literária no projeto Boca de Brasa da Fundação Gregório da Matos no município do Salvador levando a literatura além de outras artes para os bairros da periferia da cidade.
Atuou nos últimos anos na militância da Cultura sendo eleito Delegado Territorial do município do Salvador na Conferencia Municipal de Cultura e posteriormente eleito, pela sociedade civil, Conselheiro Estadual de Cultura na Conferencia Estadual de Cultura representando Salvador e a Região Metropolitana; Indicado também como Conselheiro do Conselho Diretivo do Plano do Livro Leitura e Biblioteca do município do Salvador, representando o setor autoral da literatura; participou dos grupos de discussão e formatação dos Planos municipal e Estadual de Cultura em 2013; é membro reeleito do Colegiado Setorial de Literatura do Estado da Bahia onde é presidente; é membro fundador e Vice Presidente da UBESC – União Baiana de Escritores.
Produção Literária
Forcas e chibatas
Necrotério…
Negro morto…
Negro etéreo…
E o fato!
Irreal, surreal, imoral…
um negro tiro que mata
o negro filho da periferia.
Gambé que nega ser negro
invade, solapa e fere
o filho de Dona Maria.
E a Favela grita!
O poder exala chorume
e faz da morte um negócio,
branco é o político ócio
dos novos negreiros feitores
que açoitam com a hipocrisia
e tiram sangue da história,
quão negro, grilhão e chibata,
botam no tronco a Bahia!
Mas na pedra fria é que brota
autópsia moral que se esgueira,
fazendo falácia da história,
contada ao pé da mangueira.
Mangue que no quilombo se instala
brotando culpas na memória
que grita a constante senzala
dos guetos, Odús da periferia.
Enquanto Gbeirú ruge a raiva
e as joias balançam o farol,
novos Cândidos comandam a história
da terceira revolta instalada,
em sangue na nuvem o arrebol.
Pro Rio dos Macacos a chibata,
pras forcas da Piedade a poesia,
história malversada e verso mata,
como barco revolto em calmaria.
Segue entrementes em desalinho
a não titulação de solo fértil
e os gritos quilombolas em desafio
ecoam na frota mãe de alva nave,
a vergonha histórica de toda a Bahia.
Poemas e corvos
Viva os Corvos!
Que com asas longas
cortam como faca
nossa vã literatura.
Viva os Corvos!
Negros como o breu
que vestidos como eu,
diferem pelo poder
e defenestram nossos versos,
que anilhados e sem voo,
esquecidos, desvanecem.
Convivo Corvos…
Escondidos nas gavetas
restam versos seus, nossos, meus…
trancados por medo
de que sejam bons e atinjam
quem perambula carente de esperança.
Viva aos Corvos!
Lentos e sugadores
nos tiram o prazer de revelar
nossos amores e perdões
ao rasgar a alma e declamar.
Que seria de nós sem os Corvos?
Quem nos exporia os ossos,
fraturas das nossas redondilhas.
Menores que nossos sonhos,
e maiores que as asas de rapina?
Vida longa aos Corvos!
Senhores da razão!
Que me alimentam, me reagem
e me justificam a existência.
Me provocam as rimas, os causos, os contos
numa eterna teimosia, crônica da minha vontade.
Sem temer mal nenhum,
escrevo… e os Corvos comem
respiro… e os Corvos se agrupam
escondidos, travestidos de pardais…
E como tais, continuam suas corriolas literárias.
Basta, Corvos… Estou vivo!
Crio – e ainda creio como antes! –
As minhas rimas, lutas de Cervantes,
sobrevivem, curam e vencem desatinos.
Nós? Somos poetas-meninos,
badogues da nossa sutil eloquência,
que nunca se curvam a malogros,
poemam amor e querência.
E por estarem em luta constante,
seguem sempre e eternamente vivos!
Corram Corvos!
Publicações
- Rasgar a Alma... Sangrar o Papel, 2016;
- Uma bolsa de gatos e o Contador de Estórias, 2016;
- Estupefaciente, 2016;
- O Anjo de Cem Asas, 2014;
- Participação na Coletânea Valdeck Almeida de Jesus, 2012;
- A Centaura e a Esfinge, 2012;
- Participação na Antologia do projeto Fala Escritor, 2011;
- Participação na Coletânea carta ao Presidente, 2011;
- Eu Nu, Jovens canções de amor e liberdade, 1980 e 2010.