Bio
Diego Oliveira dos Santos, nascido em 1992 na Cidade de Cícero Dantas na Bahia, cresceu e teve sua formação educacional toda em escola pública na cidade de Fátima também na Bahia. Começou sua vida artística quando no último ano do ensino médio participou de um evento promovido pelo Secretaria de Educação da Bahia chamado Tempos de Artes Literárias como o poema “último dia dos dias” que lhe conferiu primeiro lugar na etapa municipal e segundo na etapa regional. Ingressou dois anos depois na universidade federal de Sergipe onde é graduando em Letras vernáculas, não tem nenhuma produção literária impressa é divulgada.
Produção Literária
Eu
Eu nasci do lado de lá
Onde a corda sempre arrebenta
Onde a voz é sempre calada.
Eu nasci do lado de lá
Onde a cor da pele segrega
E o gostar ofende e estraga
Não pedi para ser negra.
Nem gostar de ser menino
Mas eu gosto de ser negro
De me vestir como menina
Eu nasci pra gerar lucro
E morrer pelas calçadas
Deixado no chão como lixo.
Um resto, um animal bruto
Arma na cabeça, braços na parede!
Abre bem as pernas, não adianta chorar!
O pau come, o choro queima
Ninguém liga, “você quem pediu”
Eu não pedi pra ser morto!
Pra ser estuprada na rua!
Não pedi pra ser espancado
“Mas ela tava quase nua”
Sangue lava as calçadas
Dor, preconceito e desrespeito
Eu não pedi para ser morto
Sem nem ter vivido direito.
Nem sei quem vai me matar
De onde virá a bala?
Quem vai gritar “pega”
Esse corpo do chão?
Essa violência na mão.
Não, eu não pedi pra morrer
Tava só tentando viver.
Considerações
Tinha os olhos de chuva
Daquelas que cai fininha.
Tinha as mãos de graveto
Daquelas pequenininhas.
O céu no globo do olho
E rios por entre os dedos
De noite acendia vagalumes
Pra espantar todos os medos.
Tinhas enormes asas de folhas
Do pé de liculizeiro
Para sobrevoar as distancias
Que separavam como um deserto
As duas bordas do terreiro.
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