Luar do Conselheiro

Foto: Aidner Mendez Neves – arquivo pessoal

Bio

Aidner Mendez Neves, o Luar do Conselheiro é poeta, escritor, compositor, autor, cantador, romancista, cordelista, roteirista, biógrafo e ligado a diversas áreas de arte, cultura e educação. Mestre em cultura oral pela lei Griot, através do Ministério da Cultura. Pesquisador e palestrante das temáticas inerentes à história e cultura popular nordestina.

Autor de 14 livros publicados em português e de mais quatro livros aguardando publicação. Também possui poemas publicados em coletâneas e revistas, no Brasil e em Portugal, além de escrever roteiros e peças.

Nasceu em 1983, no Rio de Janeiro, mas desde os dois anos de idade vive em Salvador, na Bahia. Cresceu dentro do cotidiano e cenário da Praia dos Artistas, na Boca do Rio, bem como na colônia de pescadores da comunidade. No sertão baiano participou de Rodas de São Gonçalo (tradição popular), reisados, alvoradas, missas de vaqueiros, desafio de violeiro, de repentista e de aboiador. Atuou como ambientalista, na condição de delegado em Conferências de Meio Ambiente, defendendo os ecossistemas da caatinga, restinga, manguezal e mata atlântica da Bahia.

Também participou de diversas mobilizações de caráter ecológico no estado, tendo conquistado o título de Conselheiro das Águas, pelo INGÁ (Instituto de Gestão das Águas).

Musicalmente, é cantador e compositor das coisas do sertão, passeia também entre vários outros estilos como o samba, desenvolveu uma mistura do regional com o digital jamaicano, junto com o Coletivo RaggaMuffin e Dance Hall de Salvador, bem representados pelo letrista e cantor Russo PassaPusso e o DjRaíz Seletor.

Recebeu em 2014 o título de Cidadão Uauaense, na cidade de Uauá, sertão da Bahia; palco da primeira batalha da Guerra de Canudos. Também em 2014, recebeu título honorífico diretamente das mãos do filósofo e pensador baiano, Germano Machado, representando sua instituição, o Círculo de Estudo Pensamento e Ação (CEPA).

Atualmente é membro do Colegiado Setorial de Literatura do estado da Bahia. Desenvolveu diversas oficinas em colégios públicos e particulares sobre Cultura Popular Nordestina e recentemente realizou oficinas de literatura de cordel em sete comunidades de Salvador, através do Instituto ACM (Antônio Carlos Magalhães).

Nordestino por convicção, retrata as lutas do povo sertanejo em versos e canções, é autor dos cordéis “ABC da Boca do Rio”, “O Sebastianismo no Brasil”, “João Requizado, o Cangaceiro Solitário”, “A saga da Pedra do Bendegó”, “A peleja do Boi Valente Com o Menino Aboiador”, “Montalvânia, Uma Cidade Diferente”; entre muitos outros.

Recebeu em outubro de 2015, o título de Personalidade de Importância Cultural, concedido pela UBESC-União Baiana de Escritores; Revista Òmnira, durante o V ENEB-Encontro de Escritores Baianos 2015. Teve grande parte de sua vida e obra relatados num documentário produzido pela Dandá Comunicação.

Produção Literária

Boi da Cajarana

Este verso tão sagrado
Cantado com muita gana
Por tanta gente bacana
Ele é muito adorado
É verso que toca gado
É rama de umburana
É casca de gitirana
Para quem tiver gripado
Eu quero boi amarrado
No pé da Cajarana
Me amarre o boi…
No pé da Cajarana.

Métrica de verso de gado
Com rima de porcelana
Rimando Ana com Cana
Rimando Fado com Lado
Neste verso abalaiado
Eu canto dia e semana
Sem medo da caetana
Nem de boi mal assombrado
Eu quero boi amarrado
No pé da Cajarana
Me amarre o boi…
No pé da Cajarana.

Dez de galope na beira do mar

Os versos que faço são flores no cio
Arvora as abelhas em busca de mel
Toda passarada que voa no céu
Toda borboleta em vento bravio
Cada nuvem branca no céu do Brasil
É tudo poema que eu vou cantar
A luz pirilampo, o dom de amar
E toda a força de uma cachoeira
Que cai lá de riba, descendo ladeira
Nos Dez de Galope na Beira do Mar.

Rimas catingueiras de métrica forte
Eu verso as flores o sol da manhã
Eu verso a água, a terra, a maçã
Eu verso a vida rimando com a morte
Eu rimo o azar versando com a sorte
E é desta sorte que quero falar
A sorte que tenho de nunca faltar
A palavra certa, a rima certeira
Que vem lá de riba rompendo barreira
Nos Dez de Galope na Beira do Mar.

Dez pés de martelo alagoano

O encanto do verso de improviso
É que nasce sem hora e sem minuto
Engenhosa é a mente do matuto
Que produz verso e rima sem aviso
Bom poeta tem o verso preciso
Pra rimar todo mote sem engano
Todo dia, todo mês e todo ano
O poeta recicla o repertório
Encantando a todos no auditório
Nos Dez Pés de Martelo Alagoano.

Nos Dez Pés de Martelo Alagoano.
Nos Dez Pés de Martelo Alagoano.

Todo dia no santo oratório
Peço a Deus que abençoe a poesia
Ela é para todos alegria
E pra nós o ofício mais notório
Se o versejo não for satisfatório
O poeta estuda mais de ano
Pra no verso ele não ter engano
Pois rimar no martelo de improviso
É fazer verso e rima sem aviso
Nos Dez Pés de Martelo Alagoano

Nos Dez Pés de Martelo Alagoano.
Nos Dez Pés de Martelo Alagoano.

Sacro enlevo

Este verde rio, que me separa de ti…
Sei que separa por amor, sei que separa para juntar.
Sinto que é proposital seu decorrer, seu desaguar.
Este rio que me sorri quando me vou,
Este rio que me pranteia o retornar.
É o mesmo rio que me ensinou no caminhar,
Que tudo aqui quando se vai já quer voltar.
Que o mundo aqui é vai e volta articulada,
Que o mundo aqui é só partida e chegada.
Este rio que é saudade ao mesmo ponto…
Em que é retorno, lealdade e é encontro…
Vejo-te fácil nos roçados e lajedos,
Numa aurora de viola violando a violência,
Nas manhãs de sacro enlevo desta nossa paciência…
Numa feira, numa beira de estribeira pedra brita…
Numa velha craibeira que florida se habilita…
Amarelo jipe velho no silêncio sertanejo.
Vejo-te simples no brilhar dos pirilampos.
Nos versos soltos dos poetas deste canto,
No manto puro das estrelas ao luar.
Vejo-te altar da minha prece sertaneja,
Buscando águas que do alto o céu despeja,
Vejo-te minha como meu é meu lugar.

Mote em decassílabo

“Tudo aquilo que vejo no sertão, é motivo pra fazer poesia”
(Este mote foi dado ao poeta Luar do Conselheiro pelo entusiasta sertanejo Luiz do Berro, o Apostolo da caprino cultura.)

Quando vejo o vaqueiro em seu brado
E o sertão com uma chuva enverdecer
Quando vejo trovoar e não chover
E a seca secando todo o gado
Vejo ave de rapina em todo lado
Observando o Sofrê na cantoria
Quando vejo a fulô na invernia
Vejo quanto em mim cabe gratidão
Tudo aquilo que vejo no sertão
É motivo pra fazer poesia.

Quando vejo o poeta em seu versejo
Imagino de onde veio o poeta
Viajar para o vate é uma meta
E a viola parceira lado a lado
Quando vejo menino educado
Sem dizer desaforo ou grosseria
Quando vejo o pão de cada dia
Sem faltar nunca à mesa de um irmão
Tudo aquilo que vejo no sertão
É motivo pra fazer poesia

Publicações

  • Luar do Conselheiro, poemas, cordéis e canções, 2010;
  • Cordelizando o mundo todo, 2014;
  • A barca do Mestre Santinho, 2014;
  • Versejos e outras Sertanices, Mihi Palmarium, 2014;
  • Pequeninos, 2014;
  • Puezi Etrange, 2014;
  • Emanemo-nos, versos para o frio das Rochas, 2014;
  • Descem águas novas das barrancas do rio Pituaçu, 2014;
  • Gildo, a voz da liberdade, 2014;
  • Orgulho Nordestino, Ponderações sobre a nordestinidade, 2014;
  • Boca do Rio, Quilombo das Artes, 2014;
  • Enteogenia Poética, 2014.

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