Pablo Rios

Foto: Pablo Rios

Bio

Pablo Rios começou a escrever poesias aos 15 anos, mas desde os já 13 rascunhava histórias. Além de poesias, escreve contos e também aventura-se em romance e crônica. Publicou dois livros (O Publicano e o Sepulcro Vazio – 2003 e O Banco e o Velho – 2014). Participou de diversas antologias. Atualmente dedica-se prioritariamente à produção de contos e cordéis, sem deixar de vez em quando de visitar seus romances inacabados. Sempre presente nos eventos culturais de sua cidade, utiliza a literatura também para a política militante.

Graduado em Letras e Pós Graduado em Literatura, trabalha como Agente dos Correios e mora em São José do Jacuípe – BA. Sempre distraído vive com a cabeça cheia de ideias, gosta de ler, viajar e fazer bonecos de sucata. Membro da União Baiana de Escritores, União Brasileira de Escritores e militante da preservação da cultura em sua terra. Nasceu em 1983 na cidade de Jacobina – BA.

Participação em Grupos: Membro do GT Territorial de Cultural desde 2007.

Presidente da AACEJA – Associação Artística Cultural e Educativa Jovens em Ação – 2008 a 2011.

Delegado Titular do Colegiado Setorial de Literatura da Bahia 2013-2014.

Produção Literária

O novo emprego de Jack

Jack limpou a última mesa, tirou o avental, deu um boa noite ao patrão, saiu da pizzaria pela porta lateral, pegou um metrô, depois um ônibus, chegou em casa, deu ração ao gato, sentou em sua poltrona e ligou a televisão. Estava farto dessa rotina, cansado de tudo aquilo. Sentia falta de quando era o temido assassino serial que serviu de inspiração para tantos os outros. Mas assim como ele, todos os seus colegas espalhadores de morte estavam aposentados.

O mundo os havia esquecido, seus filmes já não faziam o mesmo sucesso da década de 80. Novas formas de terror surgiram, outros ídolos nasceram fazendo os velhos clichês de assassinos mascarados passarem para a memória e da memória para o esquecimento.

Quando havia a iniciativa de reviver essa belle époque, nada passava de remakes incapazes de assustar até as crianças, estas, já acostumadas como desenhos mais doidos e bizarros. Então os assassinos seriais tiveram que seguir em frente, mudar e tocar suas vidas.

Jack pegou um porta retrato sobre o criado mudo e suspirou ao ver a foto dele com seus três melhores amigos: Freddy Kruegger, Jason Voohees e Michael Meyers. Foi há muitos anos, era natal, em uma ceia oferecida por Hannibal Lecter em sua casa, onde os psicopatas mais famosos estiveram presentes. Houve até uma troca de presentes de amigo oculto. Jack ganhou uma máscara de pele humana feita pelo próprio Leather Face, seu amigo oculto e presenteou Norman Bates com um suéter de lã. Foi a muito tempo.

Naquele dia, todos eles decidiram que mudariam de vida e deixariam suas profissões funestas de matadores sanguinários. Resolveram procurar empregos, fazer faculdades, mudar de vida.

Os três melhores amigos de Jack, O Estripador na foto, todos graduados e bem sucedidos. Freddy kruegger fez medicina e se tornou um dos melhores pediatras. Abriu um consultório na Rua Elm. Michael Meyers cursou Psicologia e ganha a vida ajudando pessoas como terapeuta familiar. Jason Voohees graduou-se em turismo, tem uma agência chamada 13 Tur e reabriu o acampamento Cristal Lake.

Mas Jack não. Não fez faculdade, não montou nenhum negócio e hoje trabalha como garçom de uma pizzaria engordurada de periferia. O salário dava para o básico: comer, pagar o quarto e sala onde morava, contas aqui e ali e vez ou outra adicionar uma navalha à sua coleção. Logo ele que havia inspirado a tantos, que havia sido o pioneiro. Ele queria mais, merecia mais, precisava ter méritos para contar na próxima vez que se reunisse com os camaradas. Colocou a vergonha no bolso e decidiu pedir conselhos aos amigos.

Jason respondeu com um e-mail, dizendo que procurasse algo com o que se identificasse e lhe desse prazer, já que buscava uma solução a curto prazo. Michael Meyers foi mais direto e até um pouco duro ao telefone ao dizer que “já que não estudou, procure algo fácil para fazer, assim não vai ficar batendo cabeça”. Freddy lhe mandou uma carta longa, mas que ajudou bastante ao dizer que tentasse ser patrão, pois

sem um bom currículo, não seria uma boa partir para uma cruzada em longas filas de agências de emprego. “Já que é muito bom com navalhas, monte uma barbearia”, aconselhou.

Um dia, diante de um copo de cerveja e um pires de azeitonas pretas, Jack refletiu nas sugestões dos amigos e decidiu seguir seus conselhos: “Fazer algo fácil e que me dê prazer. Sou bom com navalhas. Freedy está certo, serei patrão”.

Pediu as contas na pizzaria e após alguns acertos, conseguiu receber seu FGTS e seguro desemprego. Planejou, estudou o mercado, economizou, investiu em mobília e propaganda. Classificados, anúncio em jornal, cartazes, panfletos, internet e jingles em rádios. Montou seu escritório em um edifício empresarial no centro e começou a distribuir seu cartão de visitas. Nele, lia-se: Jack, O Estripador, Personal Killer. Resolvo seus problemas com desafetos. Discreto, limpo, não deixo rastros, seu álibi garantido. Especialista em mortes dolorosas e indolores, rápidas ou lentas, conforme o gosto do freguês. Preços especiais para pontas soltas.

No primeiro dia de funcionamento o telefone tocou logo na primeira hora. Era o primeiro cliente. Um político.

Publicações

  • A Candidatura do Pipuco, 2015 – cordel;
  • Homenagem ao Mercado Velho, 2015 – cordel;
  • O Valente Pêdo de Don’Ana, 2015 cordel;
  • Participação na Antologia Poesias sem Fronteiras – XI Concurso Literário Poesias sem Fronteiras, 2015;
  • Participação na Antologia Amor do Tamanho do Brasil (Rede de Farmácias Pague Menos), 2014;
  • Sertão, é Dentro da Gente, 2014 – cordel;
  • Participação na Antologia Interfaces de Amor e Paz (CAPPAZ), 2014;
  • O Banco e o Velho (Penalux), 2014 – contos;.
  • Participação na Agenda Literária, 2014;
  • O Lobisomen da Rua da Banha, 2013 – cordel;
  • Participação na Antologia Sete Pecados Capitais (Pimenta Malagueta), 2013;
  • Participação na Antologia 1000 Poemas par Gonçalves Dias (UFMA), 2013;
  • Participação na Antologia Novos Poetas (Prêmio Sarau Brasil), 2012;
  • A Caveira da Santa Cruz, 2012 – cordel;
  • Verbete no Catálogo Culturas Populares e Identitárias da Bahia, 2010;
  • O Caso do Caminhão de Farinha, 2009 – cordel;
  • O Publicano e o Sepulcro Vazio (Editora ADOS), 2003.

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