Bio
Nasceu a 30/07/1947, natural do distrito de Pimenteira/Ilhéus/Bahia e reside em Salvador; é Oficial Reformado da PMBA; Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL;Acadêmico Titular ocupante da cadeira 55, seccional nordeste, da Literária Academia e Lima Barreto/RJ; Membro Emérito da Câmara Brasileira de Jovens Escritores – CBJE/RJ; participação no projeto Pé de Poesia; Integrante do Dicionário de Escritores Contemporâneos da Bahia.Participou de mais de 80 antologias pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores do Rio de Janeiro. Participou de duas antologias pela Editora Celeiros de Escritores- São Paulo. Participou de uma antologia pela Editora Delicatta – São Paulo. Autor do livro “O homem que invultava e outros causos” (contos e crônicas) – produção independente. Participação no ano de 2014, do projeto “Declame para Drummond”, da Poetisa carioca, Marina Mara.Possui a página “Recanto do Val” na rede social Facebook.
Produção Literária
Os Malas
Em todo e qualquer lugarejo ou cidade existem seres folclóricos. No lugarejo onde nasci não é diferente. Existiam vários. Mas, de dois deles eu não me esqueço. O primeiro chamava-se Claudino. Quando não estava meio grogue em razão das branquinhas que diariamente ingeria, a conversa até que fluía mais ou menos. Entretanto, quando a danada da pinga começava a fazer efeito no seu cérebro já combalido, a prosa ficava pachorrenta. O sujeito tinha que ter paciência, de Jó, para aturá-lo. Ele começava contar um caso que, na verdade, era um bombardeio de palavras ininteligíveis e, quando já estava no meio do relato que, por qualquer descuido se esquecesse de uma única palavra, falava: minto! Não foi assim. Parava e voltava ao início da história para recontá-la. Esse lengalenga se sucedia tantas quantas vezes ele se esquecesse. O segundo era conhecido como Manezinho. Mas acharam por bem, seus patrícios, alcunhá-lo de Pombo Roxo. Não me perguntem sobre a origem deste apelido porque eu não tenho explicação a dar. Só sei que, quando ele, também, ingeria uns goles da malvada branquinha e esta já lhe deixava pra lá de Marraqueche, montava o piquira e saía todo empenado como se estivesse com o parafuso de centro quebrado. Ora pendendo para um lado, ora para o outro. O animal já estava tão habituado com as bebedeiras do sujeito que, obedientemente, o conduzia para casa sem derrubá-lo. E, quando a molecada escondida em local seguro, chamava-o de Pombo Roxo, o homem virava uma fera. Mas, por estar bêbedo lhe faltava a destreza para coibir a chacota. Todavia o que mais chamava a atenção no Pombo Roxo não era a sua bebedeira. Era a sua prosa. Enquanto Claudino voltava a contar toda a história, desde o início, por ter se esquecido de uma única palavra, Pombo Roxo costumava em seus longos e também pachorrentos relatos, incluir a expressão: “bam bam bam caixa de fósforo”.
– Foi isto que aconteceu meus senhores: eu vinha lá da rua do campo, quando um grande cachorro preto avançou pra cima de mim. Ligeirinho eu tirei o facão de vinte polegadas da cintura e esperei o dando. Aí, “bam bam bam caixa de fósforo” , o bicho sentiu que podia se dar mal, recuou e, de rabo entre as pernas, bateu em retirada. Era assim a sua prosa. Num simples relato ele incluía várias vezes, a citada expressão. Convenhamos que, a ambos, era difícil aturá-los.
Publicações
- Participação no III Prêmio Literário Escritor Marcelo de Oliveira Souza, 2015;
- O Troco; em: Antologia Delicatta VII (Editora Delicatta/SP), 2012 – conto;
- O Homem que Invultava e Outros Causos (TS Gráfica) - contos e crônicas.